A médica de cuidados paliativos Ana Claudia Arantes costuma dizer que o “luto é para sempre”.
Minha mente abarca minha primeira experiência com o luto por volta dos seis anos, quando minha priminha Walquíria, a nossa Tell, morreu aos cinco anos de uma complicação da catapora.
De lá pra cá, a morte nunca mais pode ser ignorada. Muitos amigos morreram jovens, meu pai, alguns tios e tias queridos, cães e gatos amados, todos os homens com quem namorei e também meu primeiro marido – pode parecer incrível, mas não tenho passado amoroso vivo.
Outras formas de morte são vivenciadas após perdas significativas: quando um amor, a confiança, o sonho, as ilusões, as crenças desabam, um tipo de desamparo se instala. É luto também.
A morte ainda tem a faculdade de desencadear outras angústias: é como se cada perda ativasse a dor pelas muitas perdas anteriores.
Algumas mortes doem mais. Seja porque não nos despedimos como desejávamos, seja pela importância da pessoa ou animal na nossa vida, seja pelo repente – sempre parece de repente, mas algumas mortes realmente o são -, seja porque nunca estamos de fato preparados.
E algumas mortes nos atingem com uma tristeza sem nome, que parece que nunca vai acabar. Mas acaba. Às vezes demora mais, mas chega o dia em que a gente para de chorar todo dia, para de pensar em como foi o momento final, o dia anterior, no que poderia ter feito diferente, e passa a lembrar da vida alegre que dividimos juntos e a administrar esse desaparecimento definitivo sem sentir falta de ar a cada vez que a memória visita essa ausência.
Mas que ninguém se engane: não deixa de doer. No “finados” nosso de cada dia, a saudade assola a qualquer momento. E isso está sempre à espreita…
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