Órfãs de pais, Ana, Clara e Beatriz viviam com a avó, Alice, que na manhã seguinte ao Natal foi encontrada sem vida. Nos dias que se seguiram ao funeral, a casa adormeceu em absoluto silêncio. Quando o novo ano chegou, encontrou Ana vestindo as roupas de Alice, Clara trajando-se como uma meretriz, e Beatriz enclausurada em casa, sempre seminua, na cama da avó. Ana passou a cuidar das finanças, mas nenhuma delas atendia ao telefone. Falavam pouco: pairavam intimidades entre si e segredos entre as três. Às vezes, faziam as refeições juntas. Numa noite, encontraram o bilhete de Beatriz sobre a mesa da cozinha: partira com a banda de um antigo amigo. Choraram abraçadas. Mas só alguns meses depois o caos deu trégua: Clara e Ana arrancaram o papel de parede da sala e rearranjaram os móveis do aposento. Abriram todas as janelas e portas, finalmente deixando o sol entrar, enquanto ouviam a música composta por Beatriz, enviada por e-mail, que falava de recomeços.
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