Eles
eram quatro homens de humor irreverente. Ganhavam asas os grafites em suas mãos
e voavam em traços, cores, letras, desenhos, um sem número de linhas formando
retratos debochados da vida real – rudes, alegres, contraditórias, universais, infinitas
em nuances que riam de si mesmas, destemidas. Naquela manhã aterradora, a tinta
que escorreu pelos vãos da criativa imaginação vinha de um buraco no peito, de
um riscado rubro na pele, do silêncio da voz. O papel ficava em branco. Eles
eram doze vidas – mais doze vidas na conta da intolerância em que dezenas de
vidas tombam todos os dias, vítimas de extremismos e violências desmedidas (em
nome do que mesmo?). Quando anoiteceu na cidade luz, milhares de lápis
iluminaram a praça. Estarrecido, o mundo jamais adivinharia que ilustrações,
ainda que reacionárias, pudessem servir a tamanho desolamento. O coração de
Paris sangrava. Algumas coisas não tem nome.
Charlie Brown, criado por Charles M. Schulz |
- “ALIKE” – PARA QUE EDUCAMOS AS CRIANÇAS? - 22/05/2024
- UM ANO SEM LUNA - 15/05/2024
- A “ONDA” DA COMUNICAÇÃO INTUITIVA - 01/05/2024