Era cheia de glamour e prazeres. Cheia de presentes… Tantos presentes que até se sentia uma deusa a receber diariamente oferendas de crentes religiosamente cegos pelo seu charme. Era exatamente o seu charme e todos os seus rebolados que os dominava. Porém, não importava a tamanha transcendência que ela era capaz de provocar nos seus galanteadores, nenhum deles ousava abstraí-la da simples crença para o real – ninguém a queria como companheira legítima, como mulher para toda a vida. Apenas como deusa nos momentos de pecados, queriam-na apenas para a sensação de absolvição, de ritual. Era por isso que sempre séria ela permanecia. Como uma imagem de santa imaculada, séria e de olhar fixo ficava. De santa, nada tinha. De deusa, também não. Tinha era muita solidão de mulher abstrata a observar homens fugindo das suas mulheres concretas.
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