A cada amanhecer, ela olhava o marido ao seu lado e se imaginava sem ele. Aquele exercício mental a fazia acordar sempre com os sentimentos de afeto renovados, porque imaginar-se sem ele era doloroso demais para ela. A cada anoitecer, o marido observava a mulher pegar no sono e pensava que teria que ver aquela cena pro resto de sua vida. E sentia aquilo como uma rotina tediosa demais para suportar por tanto tempo. Logo, esse exercício mental dele foi destruindo o casamento. Acabaram se divorciando. Divorciados, ela superou os fatos mais rápido do que pensava, pois aquela sua imaginação de outrora a tinha treinado psicologicamente para o pior. Enquanto ele passou a sofrer pelo caos que ele mesmo provocou: sentiu falta daquela rotina segura que tinha e que, por pensar que seria para sempre, acabou destruindo.
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