Um dos sintomas de quem tem ortorexia é condenar aqueles que não têm uma alimentação saudável.
A busca abusiva por uma alimentação saudável e a ansiedade por resultados rápidos em termo de emagrecimento estão se tornando cada vez mais comuns e já preocupam os nutrólogos e os nutricionistas.
Os profissionais estão usando o nome ortorexia para designar os viciados nessa filosofia que prega uma alimentação baseada apenas em itens naturais, integrais, orgânicos e sem corantes, gordura trans, conservantes e, em alguns casos, isentos também de glúten e lactose. Essa obsessão pode levar a outros transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia, e a problemas psicológicos, como depressão, irritabilidade, insônia e afastamento da sociedade.
“É a nova doença da década, mas ainda não foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Ela tem tudo para ser enquadrada como uma doença, mas por ser algo muito recente e existir um limite muito tênue entre o que é normal e o que é patológico ainda não foi reconhecida”, explica a médica nutróloga, Liliane Oppermann.
De acordo com a nutróloga, o fator decisivo para se determinar que uma pessoa está passando pelo transtorno alimentar ortorexia é quando há algum sofrimento em nome da alimentação super correta. “A pessoa ortoréxica passa a viver em função de prevenir todos os problemas e alergia alimentares, mas, por exemplo, apenas quem tem a doença celíaca deve evitar o glúten.”
A restrição do cardápio dos ortoréxicos diminui significativamente a quantidade de vitaminas necessárias para uma dieta balanceada. “O extremismo leva à deficiência de ferro, zinco, vitamina B12 e cálcio no corpo. Em consequência desse radicalismo podem surgir doenças como a anemia, aumentar o risco de doenças imunológicas, hipertensão e outras”, afirma Liliane.
O tratamento da ortorexia deve ser feito com um psicólogo e com um nutrólogo ou endocrinologista.
Sintomas
:. Condenar as pessoas que não tem uma alimentação saudável. O ortoréxico torna-se incoveniente, pois passa a fazer comentários sobre o que as outras pessoas estão comendo;
:. Dar orientações sobre alimentação mesmo sem ter formação na área de nutrição;
:. Evitar ocasiões sociais como festas, encontros com amigos em restaurantes;
:. Ler e analisar rótulos de alimentos compulsivamente;
:. Pensar excessivamente sobre o conceito de alimentação saudável;
:. Acreditar que vai adoecer ou se sentir indisposto se não comer itens extremamente saudáveis;
:. Não se alimentar em locais em que não saiba detalhadamente como a refeição foi preparada.
:. Deixar de comer quando não há alimentos extremamente saudáveis.
:. Não sair da “dieta” até mesmo em ocasiões especiais, como aniversários.
Cuidados para não se tornar ortoréxico
:. Não falar o tempo inteiro sobre alimentação saudável;
:. Não sofrer caso não tenha acesso ao alimento correto;
:. Frequentar ocasiões sociais sem deixar de se alimentar, mesmo que continue fazendo a opção pelo mais saudável;
:. O acesso indiscriminado a informações sobre alimentação saudável e a disseminação de perfis de Instagram sobre bem estar favorecem o surgimento desse transtorno.
Por GABRIELA MARÇAL, para Estadão
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