“Contra o pessimismo da razão, o otimismo da prática.” [Antonio Gramsci]
Não sou economista – apenas casada com um. Mas não é preciso ser expert pra saber que nosso dinheiro está cada vez mais curto: eu vou ao supermercado, à feira, à farmácia, acompanho o noticiário. A vida está cara e isso dá um pouco de medo. Mas nada me parece pior do que esse pessimismo generalizado que vai se propagando nas conversas, pelas redes sociais, por todo canto do País.
O discurso está em toda parte: “a crise”, “por causa da crise”, “o país nunca esteve tão ruim”, e por aí vai. Acho, sinceramente, uma chatice esse palavrório – até porque, as pessoas que mais o fazem tem vivência suficiente para saber que, sim, já estivemos muito pior! Remarcação de preços diários – o que implicava em taxa de inflação de 80% ao mês -, desemprego em 25% ao ano, ditadura e literal falência em 98, quando não havia reservas para o país pagar suas dívidas no exterior – atualmente, essas reservas somam mais de 350 bilhões de dólares.
Mas como uma parte da sociedade ainda parece magoada por não ter conseguido eleger seu candidato, uma enorme parcela de pessoas torce pela bancarrota e faz questão de bradar para todos só o que de ruim está acontecendo. É um jeito de se vingar – “não falei que ia piorar com esse Governo?” -, muito cansativo…
Mas vivemos numa democracia – o que, entre outras coisas boas, permite aos chatos de plantão falar e espalhar inclusive inverdades. Só que vejamos: o desemprego está em 8%: não é legal, mas não chega nem perto das taxas na Espanha (22,7%), por exemplo; a previsão de inflação até o fim do ano é de 9% – mais alta do que o desejado, mas muito longe dos anos 80.
Assim, é preciso alardear: sim, já estivemos melhores, mas bem piores também. O fato de já termos tido melhor desempenho em dois indicadores econômicos primordiais é mais do que suficiente para nos preocuparmos e cobrarmos veementemente o Governo. Mas para exigir soluções é preciso saber o tamanho do problema real.
E esse é o ponto: a maioria sequer sabe o que efetivamente acontece. Lê os piores veículos de informação – e lê por cima, o que siginifica que mesmo que contenha alguma informação aproveitável, não capta. Assiste aos mais tendenciosos comentaristas econômicos e políticos – e transforma seus discursos em regras. Não checa dados nem resultados: vai repassando tudo com superficialidade, porque parece que, mais do que entender as questões e discuti-las, a ideia é criar histeria, ceticismo e medo. E tem aqueles que estão se preparando para deixar o país rumo a Miami, achando que estarão a salvo. Outro dia, uma pessoa das nossas relações – que pretende se mudar pra Miami – nos disse, bastante preocupada, que “o País vai acabar”. Nós não rimos porque percebemos que ela efetivamente acredita nisso. Mas, em sã consciência, alguém me responda: como é que um País acaba? Se até a Grécia vai se reerguer, porque o Brasil acabaria com uma crise – que não é a primeira, nem será a última?
Tenho um conhecido que trabalha para o Governo – mais especificamente no Mistério da Educação. Ele costuma espalhar tudo de bom que está acontecendo com a Educação no País e um monte de gente o critica, dizendo que ele parece uma “Pollyana”, fora da realidade. Não: é óbvio que ele sabe que a Educação no Brasil carece de muitas providências, mas tem muita coisa boa sendo feita também. E ele resolveu propagar o que está sendo feito ao invés de reclamar ou mostrar o que não está.
É preciso ter consciência de que repetir frases como “o país nunca esteve tão mal e ainda vai piorar” não adianta nada. Primeiro porque não é verdade. Depois, porque replica uma informação errada que, infelizmente, vai se propagando, contaminando as pessoas e gerando boatos e especulações que repercutem nas pequenas e grandes ações de milhares de pessoas.
De tempos em tempos, circulam nas redes sociais campanhas pela responsabilidade sobre a informação, que pregam: “Antes de compartilhar algo, pesquise, leia, informe-se”. Isso vale para o mundo virtual e real. Que tal tomar como regra básica?
E para nós, mulheres, vale se inspirar em histórias reais ou fictícias para encontrar um ponto de equilíbrio positivo e acreditar que, sim, daqui um tempo, o País vai entrar no eixo novamente.
Assista a filmes ou leia livros com a trajetória de Frida Kahlo, Edith Piaf, Coco Chanel. Observe como essas mulheres promoveram grandes feitos mesmo na adversidade e na dor. Leia Olga, de Fernando Morais – ou veja o filme. Leia sobre Margareth Thatcher, Zuzu Angel, ou assista Alice, de Tim Burton (2010). Nessa versão, ela protagoniza uma menina/mulher que não cabe nas expectativas alheias e toma as rédeas da própria vida, mesmo num momento adverso. É um conto muito divertido e inspirador – ainda mais nas mãos desse diretor!
E sim: além de se distrair, não se deixe contagiar pelo pessimismo! Inspire os outros com coisas boas!
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