LITERATURA

HILDA HILST

Itaú Cultural apresentou, em Abril/2015, o projeto Ocupação, criado para fomentar o diálogo da nova geração de artistas com os criadores que os influenciaram.

Hilda Hilst é uma das maiores escritoras brasileiras e ali foi vista por meio de suas notas, desenhos, sonhos e referências para seu projeto criativo.

Conheci a autora quando trabalhava no Jornal Correio Popular, em Campinas, onde ela vivia desde 1966, no que chamou de Casa do Sol” – local que hoje abriga o Instituto Hilda Hilst.

 

Instituto_HH

Hilda escrevia uma crônica semanal para o periódico e dela ganhei o livro “Cantares do Sem Nome e de Partidas”, uma obra composta pela reunião de dois livros: Cantares de perda e predileção (1983) com setenta poemas, e Cantares do sem nome e de partidas (1995), dedicada à memória de Mirella Pinotti, filha de seu amigo, médico e deputado José Aristodemo Pinotti, morta num acidente de carro. O livro traz poemas que se estruturam na natureza contraditória das relações, onde predomina a ideia, construída através da amargura e do ressentimento, de que o amor faz sofrer.

Hilda era uma mulher reacionária, à frente de seu tempo, e amante dos animais – em sua casa, abrigava dezenas de cães e gatos. Libertária, fazia questão da liberdade absoluta para escrever. Assuntos tidos como socialmente controversos foram temas abordados pela autora em suas obras, mas como ela própria dizia em suas entrevistas, em seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a difícil relação entre Deus e o homem.

Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão, mas muitos de seus livros se esgotaram devido a uma escassa distribuição.

Hilda Hilst, na "Casa do Sol"

Hilda Hilst, na “Casa do Sol”

A escritora morreu na madrugada do dia 04 de fevereiro de 2004, aos 73 anos, no Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas, onde deu entrada no dia 1º de janeiro para a realização de uma cirurgia, após sofrer uma queda que causou uma fratura no fêmur. Hilda tinha deficiência crônica cardíaca e pulmonar, o que agravou seu quadro clínico e levou seu organismo à falência múltipla de órgãos.

Após sua morte, o amigo Mora Fuentes liderou a criação do Instituto Hilda Hilst, que tem como primeira missão a manutenção da Casa do Sol, seu acervo e o espírito de ser um porto seguro para a criação intelectual.



Débora Böttcher
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Débora Böttcher

Débora Böttcher

Formada em Letras, com especialização em Literatura Infantil e Produção de Textos. Participou do livro de coletâneas "Acaba Não, Mundo", do site "Crônica do Dia", onde escreveu por 10 anos. Publicou artigos em vários jornais. Trabalha com arte visual/mídias. Administra esse portal - que é uma junção dos sites Babel Cultural, Dieta com Sabor, Hiperbreves, Papo de Letras e Falas Contadas.