São ótimos para a saúde, mas não fazem milagres
A palavra “funcional” virou um verdadeiro mantra entre os que buscam a tão aclamada “alimentação saudável”. Pergunto a você: alguma vez, antes de tomar sucos funcionais, por exemplo, você parou e se questionou sobre o por que optou por essa bebida?
Na verdade, a resposta que eu mais gostaria de ouvir é “porque eu gosto”, ou, ainda, “porque senti vontade”. Mas as explicações com as quais me deparo diariamente seguem mais a linha do: “porque faz bem para a saúde”, “porque emagrece”, “porque está na moda”, “porque dizem que é bom”.
De fato, os alimentos funcionais são interessantes, mas não aprovo a forma como eles são vendidos; como se pudessem fazer milagres, garantir saúde infinita e acelerar o processo de emagrecimento.
Então, que tal, começarmos do começo? Você sabe o que são os alimentos funcionais? São aqueles que, além de cumprir com suas funções nutricionais básicas, têm o seu consumo associado a outros benefícios à saúde, como por exemplo a prevenção de doenças degenerativas ou o controle de problemas metabólicos como a diabetes.
Diante dessa explicação, há de se convir que, sim, sucos funcionais são bem-vindos dentro de uma alimentação equilibrada.
Mas repito: sozinhos, eles não são capazes de resolver nenhum problema de saúde. Além disso, consumidos em excesso, podem até mesmo trazer efeitos deletérios.
Sucos funcionais: beba com moderação
Uma das recomendações que mais costumo oferecer aos meus pacientes é que tentem investir na variedade nutricional. Incluir na sua alimentação diária alimentos de todos os grupos alimentares, priorizando os frescos e diminuindo o consumo dos ultraprocessados.
Dentro dessa minha orientação, os sucos funcionais, quando consumidos com moderação, podem trazer alguns benefícios. Certas combinações são fantásticas para o corpo, como apontam pesquisas na área da nutrigenômica, ciência que estuda como os alimentos “conversam” com os nosso genes.
Entretanto, sabemos também que nossa genética se expressa de maneira muito particular e individual. Os alimentos são “entendidos” de forma diferente em cada pessoa. Ou seja: a receita que caiu super bem para sua colega não vai agir exatamente da mesma forma no seu corpo.
E essa relação entre a absorção dos nutrientes dos alimentos e genes também muda ao longo da vida, especialmente porque não depende única e exclusivamente da alimentação, mas também do seu estilo de vida, rotina, sono, nível de estresse, exposição à poluição, idade, hábitos, dedicação – ou não – à atividade física, e assim por diante.
Por isso, defendo a variedade de nutrientes, para que o seu corpo seja bem nutrido e possa responder mais naturalmente aos estímulos de fome e saciedade. Se tomar sucos funcionais como obrigação, vai acabar restrito a receitas e combinações que nem sempre são as que o seu corpo está pedindo.
Pior ainda se passar a acreditar que precisa tomar litros e litros de sucos funcionais para ter uma saúde e uma alimentação perfeitos. A perfeição, nesse campo, não existe. E o exagero só irá trazer sobrecarga para o seu organismo.
Lembre-se que “funcional” não é uma religião. Desprenda-se dos mitos das dietas milagrosas e das fórmulas mágicas para emagrecer. Isso não existe.
Passe a ouvir o que o seu corpo realmente quer e precisa. Será que está mesmo com vontade de um suco funcional, ou queria tomar uma outra bebida, como um refrigerante? Será que você está pensando mais no gosto, ou no valor nutricional dos sucos funcionais?
Descomplique. Se está com desejo de refrigerante, é melhor tomar um copo pequeno e respeitar essa vontade do que descontar mais tarde tomando o dobro com culpa.
De um modo geral, priorize a água, a melhor e mais natural forma de se hidratar. Se for tomar sucos, tente não exagerar na quantidade e no açúcar, e busque variar os ingredientes ao longo da semana. Aos poucos, você vai encontrar o equilíbrio e seu corpo só terá a agradecer.
Texto de Sophie Deram, Nutricionista e Coach em Nutrição
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