“Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas não sou o único.”
Lennon
O mundo da Arte reflete sempre o tempo de sua produção e não raro aponta caminhos para a reflexão. É um mundo que não existe sem os artistas.
Podemos nos perguntar o que seria da Arte mundial se não existissem os Colecionadores?
“São eles os grandes consumidores que mantêm todo o sistema a funcionar”, diz a conferencista Manuela Hargreaves.
Grandes Coleções valiosas antes fechadas em propriedades particulares, hoje estão abertas ao público enriquecendo o ar com a cultura que um dia esses colecionadores escolheram.
Solomon e Peggy Guggenheim, o suiço Ernst Beyeler o alemão Peter Ludwig, o inglês de origem armênia Calouste Gulbenkian em Lisboa, Bernardo Paz de Inhotim, Ricardo Brennand em Recife, o Instituto Moreira Sales, a Fundação Eva Klabin , a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano em São Paulo são alguns exemplos entre muitos.
Mas queremos falar da vontade e do incentivo ao Colecionismo da arte atual, já que pendurar nas paredes da própria casa obras contemporâneas de valor artístico pode ser tão prazeroso quanto visitar os museus com obras já consagradas pela História.
Toda coleção tende a refletir aspetos da personalidade do colecionador, o seu gosto, a sua sofisticação ou ingenuidade, a sua independência de escolha ou a confiança no julgamento dos outros. A coleção sempre irá refletir aspectos do mundo vivido por quem coleciona.
O museólogo Fábio Magalhães comemorou o recente interesse de jovens colecionadores de arte que, diferentemente dos antigos interessam-se pela produção brasileira e não mais apenas pela arte celebrada mundo afora.
Num mundo que se desenha diferente neste início de milênio até mesmo a finalidade da Coleção – antes talvez mais voltada para a valorização de mercado – volta-se para esse canal de comunicação que vai direto aos sentidos estimulando o surgimento de novas atitudes baseadas em novos paradigmas que visam a integração, a colaboração e o manter vivos os valores mais intrinsecamente humanos.
Afinal artistas precisam sobreviver de sua Arte e consumidores de Arte têm o privilégio de consumir um bem imaterial representado pelo significado contido no significante do material adquirido. Na verdade, a Arte pertence a todos que a fruem.
O papel do colecionador a partir de agora não é mais o de um hobby ou um desafio pessoal de ir em busca da valorização do mercado. É muito mais que isso: está ligado à formação de uma nova sociedade cultural, valorizadora dos significados utópicos que precisam deixar de ser inatingíveis como forma imprescindível de transformação gradual em direção a uma nova sociedade.
E como Lennon disse em “Imagine” não somos os únicos a querer um mundo melhor!
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