A R T E – preenchimento do vazio
“ Um feitio sem forma, uma sombra sem cor,
Força paralisada, gesto sem movimento” [T.S.Elliot “O Homem Oco”]
Assim como muitos de nós buscamos sentido na existência humana, outros se esforçam por fugir, culpando guerras, alterações econômicas, mudanças político/sociais como “pseudo-explicações” para o angustiante sentimento de vazio que o homem carrega em seu íntimo.
Ocorre que esse vazio causa angústia, incômodo e uma certa aversão aos que desejam viver suas vidas sem ter que necessariamente perguntarem-se sobre o sentido delas.
Mal-estar provocado por razões muito mais profundas do que se imagina, pode ser atribuído a muitos significados inconscientes que levam a inúmeros comportamentos de esquiva.
A fuga representa uma não aceitação, uma dificuldade de encarar fatos tais como realmente são, gerando a necessidade de preencher o tempo – e, por que não, o vazio – com coisas rotineiras, deixando a dinâmica do cotidiano guiar nossas vidas. Assim muitos vivem anestesiados, entorpecidos pelo dia-a-dia, numa sucessão de eventos que muitas vezes lhes parecem insignificantes.
Neste ponto temos duas escolhas: ou entramos no vazio existencial começando um processo firme e sem-retorno de autoconhecimento verdadeiro e autêntico, ou decidimos fugir de todas as formas e a todo instante da sensação de falta de significado das coisas.
Tornar-se pessoa feliz é um empreendimento. E a arte é um valioso instrumento para isso. Observar-se uma obra de Turner, Picasso, Van Gogh ou Ligia Clark leva a um estado de interrogações múltiplas: Como pode o artista ter essa idéia? Como a executou? Porque escolheu essas cores?… O mais profundo sentimento de horror, prazer ou fruição pode ser atingido, trazendo enormes benefícios sensoriais.
Fazer Arte então é buscar os requintes da auto percepção e da vida. É aprofundar a autoconsciência e a consciência do entorno que levam inexoravelmente à experiência do próprio “eu”, do “Eu-ativo”, sujeito do que acontece e da própria vida.
Assim, podemos ficar com a frase de Kahlil Gibran na mente, ao nela plantarmos a sementinha da vontade de nos expressarmos através das mil modalidades que Arte Contemporânea nos apresenta.
“A arte é um passo do que é óbvio e familiar na direção do que é misterioso e oculto.”
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