Premiado no Grande Prêmio do Público no Festival Internacional de Cinema de Toronto 2015, Room poderia ser apenas mais um filme terrível sobre o sequestro de uma jovem trancafiada por anos.
Mas dessa vez, com roteiro da escritora Emma Donoghue e direção Lenny Abrahamson, ambos irlandeses, a abordagem parte da perspectiva de uma criança – o menino Jack (o ator mirim Jacob Tremblay), gerado pela violência do estupro.
Jack, agora com cinco anos, só conhece o quarto com uma pequena janela no teto – o lugar em que ele nasceu e de onde nunca saiu. Através da pequena TV instalada ali, Jack vê o mundo, mas acha que nada daquilo existe. Até que começa a questionar a mãe, Joy – a atriz Brie Larson, de United States of Tara – sobre tudo. É quando ela vislumbra, através da curiosidade do menino e confiando numa maturidade precoce, a chance de sair do quarto.
Como todos os filmes que tem abordado esse tema, o início é aterrorizante. Depois, o terror se transforma em angústia e vai virando encantamento. As sequelas desses sete anos encarcerada e quase diariamente estuprada, aflorará na mãe um trauma psicológico imensurável.
Já a criança, ainda em formação, vai vibrar diante do mundo novo que se descortina e seu processo de recuperação é um pouco menos denso – prova de que as crianças são capazes de um nível de superação quase intacto na primeira infância.
De uma beleza delicada a partir da segunda parte, com os conflitos familiares aflorados por conta das mudanças que ocorreram durante os anos de sequestro, o filme transita pelas relações tentando construir novos laços entre os envolvidos, cada um administrando sua culpa e dor no episódio – e o menino, no centro desse vulcão, fazendo a ponte de religação emocional de todos. Muito bonito…
Assista ao trailer, veja o filme.
O livro homônimo que deu origem ao filme, lançado em 2010 pela escritora Emma Donoghue, foi concebido a partir do caso real revelado em 2008 – que ganhou o noticiário internacional – de uma mulher que foi mantida em cativeiro na Áustria pelo pai (e abusada sexualmente por ele) durante 24 anos, no episódio que ficou conhecido como o caso Fritzl.
- “ALIKE” – PARA QUE EDUCAMOS AS CRIANÇAS? - 22/05/2024
- UM ANO SEM LUNA - 15/05/2024
- A “ONDA” DA COMUNICAÇÃO INTUITIVA - 01/05/2024