Aos cinco anos, a menina acorda todas as noites, durante a madrugada, suada, aos prantos e sobressaltos: medos noturnos a fazem ter a impressão de que o teto está baixando sobre ela e que debaixo da cama dorme um jacaré. A tia que a cria chega suave e amorosa, a põe no colo e, na varanda envidraçada da casa, na velha cadeira de balanço do avô, elas se sentam para olhar a rua movimentada – o vai e vem dos carros na noite escura, alguém que caminha solitário pelo meio fio de flores, o céu estrelado de lua. Os soluços vão cessando e a mãozinha pequena descansa sobre a mão que a protege – que também lhe afaga os cabelos dourados, em silêncio. Só mais tarde o sono, calmo e bom, as acolhe. Quando a manhã desperta, tia e menina ainda estão de mãos dadas, aconchegadas em si, salvas por aquele amor que não tem nome…
| Débora Böttcher |
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