Recebeu o diagnóstico e ficou ali, parada. Lia, não acreditava; não acreditava que não sofria. Um resultado tão cruel a fez sentir egoísta por não se importar que iria partir. Como contar para todos? Deveria mesmo contar para todos ou poderia aproveitar cada segundo desse resto de vida miserável? Já não podia fazer mais nada, e em sua vida inteira já tinha feito muito. Viu muita gente ir embora enquanto ela ficava nessa loucura que chamam vida. Era sobrevida há muitos anos, mas ninguém sabia, ninguém procurava saber. Fazia tempo que ela era coadjuvante na peça que ajudou a escrever, que participou da direção. Mera figurante. Ela passava e todo mundo olhava, mas ninguém via. O que se poderia fazer senão desaparecer? Foi viajar, foi viver até o fim.
| Catharina Melo |
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