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UMA VIDA INVENTADA (III)

Eram amigos, a menina e o sacerdote. Sempre que passava pela porta da igreja o religioso convidava-a a entrar e deixava que zanzasse por ali, brincando com os objetos sagrados da sacristia ou acendendo velas no ofertório. Às vezes, enquanto conversavam, ela o ajudava a limpar a parafina derretida das súplicas chamuscadas que os fiéis lançavam aos santos intercessores. O padre lhe dava medalhinhas com imagens e contava-lhe histórias da vida daquelas figuras, que, por terem sido pessoas comuns, a encantavam com a extravagância de seus feitos extraordinários. Ali ocorria o contrário do que se passava no colégio com as lorotas tediosas das crianças missionárias, sempre prontas a lançar mais uma alma desavisada em seus currículos de cristãos chatos. Os santos do padre tinham relevo. E graça!

| Maitê Proença | “Uma vida inventada”

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Garimpa Hiperbreves de autores famosos e consagrados.

Hiperbreves são contos curtos: uma forma narrativa, geralmente em terceira pessoa, caracterizada principalmente por sua extrema brevidade. Criado possivelmente pela literatura espanhola sob o nome de Microrrelatos / Micronarrativas, os textos devem atender a certos requisitos - geralmente, parágrafos únicos, de 140 a 1500 caracteres, narrados em terceira pessoa, cujo resultado final deve ser a capacidade de provocar interesse e surpresa ao leitor usando o mínimo de recursos.

No caso desse projeto, as histórias contadas devem ter, obrigatoriamente, até mil caracteres em parágrafo único - contando letras, espaços e pontuação -, narrados em terceira pessoa.