À meia luz, na cama desforrada, tudo que ocorria em volta se passava despercebido. O foco eram apenas eles dois, atracados como dois animais no cio. O ritmo intenso estimulava a marca nas costas e os puxões de cabelo, enquanto que os sussurros dela se tornaram gritos, e os gemidos dele, urros. Parecia a primeira noite de amor. Os corpos suados, numa engrenagem que não parava, aceleravam o passo embusca de um prazer ainda mais intenso, uma união ainda maior. Se fosse possível, eles morreriam ali – de prazer. O mais marcante, além de unhas afiadas nas costas e mãos fortes apertando a bunda, era o olhar: os dois não paravam de se olhar, como se quisessem fazer de dois corpos apenas um. O vizinho gritava, o celular tocava, batiam à porta – nada se ouvia. Naquele quarto, naquela cama, naquele dia, todo ruído se restringia a sons involuntários que retratavam orgasmos sem fim.
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