A quarta semana do isolamento social vai se embrenhando numa nova rotina – trabalhando mais e normalmente, saindo somente para compras necessárias, vivendo sem grandes mudanças.
É além das minhas portas – em especial nas portas abertas da internet -, que observo alterações importantes.
É nos comentários de matérias jornalísticas – um vício ler pensamentos alheios -, que percebo como as pessoas vão lidando com isso tudo: umas em negação, outras no obscurantismo, outras na loucura, tantas como eu: inconformadas com esse (des)governo patético.
Foi ontem que recebi um vídeo que dizia que o álcool gel é o vírus enganador – veja você o raciocínio espetacular: os sintomas de intoxicação por álcool gel, adivinhem? São os mesmos do Covid!!!
Leio alguém que tem certeza que o MUNDO está mentindo sobre a quantidade de mortos – como não? É infinitamente simples manipular dados desse tipo de informação global!
Mas pior mesmo foi um dos grupos da família do meu pai, no qual caí de paraquedas – já que desde a morte dele, há 22 anos, eu só tinha contato com alguns pelas redes sociais. E foi de repente, numa pergunta básica sobre a pandemia para uma prima médica (!!!) que me dei conta de estar rodeada de bolsominions fervorosos defensores desse Presidente insano. A resposta debochada e irônica, na linha “terra plana”, não foi uma completa surpresa olhando em retrospectiva, mas na hora me deu um estranhamento – porque sou uma pessoa hiper atenta, ligada em detalhes, e não reparei no tanto de pessoas tóxicas que me rondavam ali.
Como não tenho nenhuma afinidade nem paciência com “bolsonarianos” e só convivo com simpatizantes do Presidente se for estritamente inevitável – há três anos deleto sumariamente gente que se alinha a esse psicopata -, achei melhor correr pela tangente.
Pensem: eu sou ateia, defensora ferrenha da ciência, da educação e da democracia – quatro dos direitos mais desprezados por esse (des)governo que dispensa adjetivos – e isso, por si só, já me incapacitaria totalmente da possibilidade de compactuar com seus apoiadores.
Portanto, não teve jeito: tratei de usar meu direito (ainda) soberano da liberdade de não tolerar o intolerável, desejei vida longa a todos e cliquei em “sair”. Antes tarde do que nunca.
Assim, a semana quatro está marcada por um alívio que não tem nome – exceto pela queda do Mandetta. Agora é que são elas… Porque uma das coisas que mais me chateiam é não participar das decisões, mas arcar com as consequências.
Dentro dessa teoria, sei que para sobreviver tenho que continuar usando a hashtag #fiqueemcasa na esperança tola de que os defensores do ‘mito’ atendam a algum chamado de lucidez.
Mas num “mundo perfeito”, vou falar o que eu gostaria: que todos que discordam do agora futuro ex-Ministro seguissem Bolsonaro e FOSSEM PRAS RUAS! Eles não precisam da Rede Pública e podem pegar o vírus e se divertir em seus quartos de luxo da rede privada.
Essa elite fofa que pede comida delivery nos melhores restaurantes, não tem a renda afetada e está enjoada de ficar em casa – imagina!, fecharam os shoppings! -, tinha mais é que se rebelar mesmo.
Eu gostaria de gritar aos quatro ventos se isso não me afetasse: VÃO PRA RUA, QUERIDOS! Devia ser obrigatório essa gente ir pra rua! Ia ser lindo ter por aqui os mesmos números de NY – olha que chique! -, Itália, França, Espanha… Um arraso!
P.S: Ai, que cansaço dessa gente…
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